A Energia Escura



A composição do Universo foi mudando ao longo da sua História. Hoje ele contém aproxidamente 70% de energia escura, 25% de matéria escura e apenas 5% de matéria ordinária. Ver imagem original Crédito:CERN.
Observações recentes indicam que a maior parte do Universo não é composto de matéria ordinária (fotões, neutrinos, protões, neutrões, etc) nem mesmo de matéria escura mas sim de uma forma de energia não luminosa que permea todo o espaço, a chamada energia escura.

A evidência de que a energia escura é predominante no Universo actual tem origem essencialmente em dois tipos de observações. Por um lado, as observação relativas às anisotropias da radiação cósmica de fundo permitem-nos concluir que o Universo é plano pelo que a sua densidade de energia será igual à chamada densidade crítica. Existe ainda um conjunto distinto de observações que indicam que a densidade da matéria ordinária e da matéria escura contribuem com apenas cerca de 30% da densidade critíca. Por outro lado, a determinação da relação distância-luminosidade nas Supernovas do tipo IA indica que o Universo está em expansão acelerada. Esta aceleração é normalmente atribuída à presença da energia escura.

Enquanto a matéria está associada a uma força gravitacional atractiva que tende a tornar a expansão do Universo mais lenta, a energia escura é repulsiva e tende a acelerar a expansão. Combinados, esses resultados sugerem que cerca de 70% do Universo é constituído por energia escura e cerca de 30% por matéria, sendo que aproximadamente 25% é matéria escura e 5% matéria ordinária.

No entanto, não se conhece qual a natureza desta energia escura. Do ponto de vista observacional é fundamental determinar se a densidade de energia escura é constante no tempo ou dinâmica, variando muito lentamente no tempo, tendo já sido propostas várias missões que se propõem levar a cabo esta tarefa. Em qualquer dos casos, existem já vários modelos teóricos que pretendem explicar a natureza e evolução da energia escura. Contudo, a sua existência dá origem a problemas técnicos difíceis do ponto de vista teórico, cuja resolução terá muito provávelmente consequências revolucionárias para a cosmologia e para a física fundamental.

Em particular, a evolução da densidade de energia escura determina o destino do Universo; se esta for constante ele continuará a expandir-se de forma acelerada, se não for ele deverá recolapsar, eventualmente até de uma forma catastrófica.

Ao longo das próximas semanas vamos apresentar os seguintes temas:


Autoria:

Maria da Conceição Bento
Dep. Física/C.F.T.P. do Instituto Superior Técnico