Novos anéis e luas à volta de Úrano

2005-12-30

Úrano. Imagens compostas por várias observações com o Hubble revelam um par de anéis até agora desconhecidos. Crédito: NASA, ESA & M. Showalter (SETI Institute).
Imagens obtidas com o Telescópio Espacial Hubble
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
(NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
/ESA
European Space Agency (ESA)
A Agência Espacial Europeia foi fundada em 1975 e actualmente conta com 15 países membros, incluindo Portugal.
) revelaram um par de anéis à volta de Úrano
Úrano
É o sétimo planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. Com um diâmetro cerca de 4 vezes superior ao da Terra é o terceiro planeta gigante gasoso. A sua característica mais marcante é o facto de o seu eixo de rotação estar inclinado cerca de 97º em relação à eclíptica.
até agora desconhecidos. O anel maior tem um diâmetro duas vezes superior ao do anel mais afastado de Úrano que se conhecia. O afastamento dos novos anéis relativamente aos restantes leva a tratá-los como um segundo sistema de anéis de Úrano.

A investigação, conduzida por M. Showalter (Instituto SETI) e J. Lissauer (NASA), levou ainda à descoberta de duas novas luas de Úrano, baptizadas de Mab e Cúpido, sendo que uma delas partilha a sua órbita
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
com o anel maior.

A presença dos anéis significa que tem de haver material a ser fornecido aos anéis continuamente, pois de outra forma, a poeira que orbita Úrano acaba por cair para o planeta
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
, num movimento em espiral, e os anéis desfazem-se. Uma teoria proposta pelos investigadores é que o anel mais afastado é mantido pela nova lua, Mab, com quem partilha a sua órbita. Mab, que tem cerca de 19 km de diâmetro, é continuamente atingida por meteoróides. A colisão lança poeiras para o anel à volta de Úrano e este recebe assim uma nova vaga de poeira cada vez que um impacto ocorre.

Estes investigadores estudaram as órbitas das luas mais chegadas a Úrano e concluíram que estas têm-se modificado significativamente desde 1994, altura em que o movimento das luas foi determinado a partir de dados do Hubble e da Voyager. Parece ser um processo aleatório ou caótico, onde há uma constante troca de energia e de momento angular entre as luas. Os cálculos prevêem que as luas começam a colidir em cada par de milhões de anos, o que é um tempo muito curto quando comparado com os quase 4,5 mil milhões de anos que o sistema de Úrano tem.

A descoberta do segundo anel, mais próximo de Úrano, pode ser um testemunho das colisões entre as luas e da evolução do sistema. Este segundo anel, que não tem nenhum corpo visível que o alimente de poeira, pode ser o resultado da desintegração de uma lua de Úrano após uma colisão.

Os novos anéis de Úrano foram descobertos em imagens obtidas em Agosto de 2004. Os investigadores reanalisaram imagens do ano anterior, à procura da presença dos anéis, e descobriram-nos, embora muito ténues. Também procuraram sinal dos anéis nas imagens da Voyager2, que passou por Úrano em 1986. Desde 1977 que se conheciam os primeiros 9 anéis de Úrano, através de observações da atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
do planeta. Durante as aproximações da Voyager, mais dois anéis foram descobertos, assim como 10 luas. Contudo, os anéis mais exteriores não foram descobertos, pois são muito mais ténues e longínquos do que os restantes. Uma reanálise das imagens da Voyager permitiu a detecção dos anéis em cerca de 100 imagens.

O facto dos anéis serem quase transparentes, faz com que sejam mais facilmente observáveis quando estiverem de perfil para nós. Assim, espera-se que o seu brilho
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
aumente à medida que Úrano se aproxima do seu equinócio
equinócio
O equinócio ocorre no momento em que o Sol, no seu movimento anual aparente, cruza o equador celeste, ou seja, quando o Sol passa num dos pontos equinociais (os dois pontos em que a eclíptica intersecta o equador celeste). Os equinócios ocorrem a 21 de Março - equinócio de Primavera - e a 23 de Setembro - equinócio de Outono; nestes dias, o dia e a noite têm igual duração.
, que ocorrerá em 2007.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/home/hqnews/2005/dec/HQ_05590_HST_Uranus_update.html